Vou de Táxi
Era década de 90. Eu não lembro o ano exato. Nem o mês. Muito menos o dia. Mas, eram umas 4 da tarde e chovia. chovia muito, aliás. Estávamos saíndo da faculdade. A aula havia acabado mais cedo. E eu não via a hora de ir pra casa. É que em dia de chuva, adoro ficar deitada lendo ou vendo filme.
Mas, voltar pra casa de ônibus naquela chuva não ia ser uma tarefa fácil. Eu perderia todo o final da tarde. O trânsito deveria estar caótico - como sempre fica nesses dias, e não era um caminho curto. Da Universidade Católica, na Boa Vista, para o bairro de Boa Viagem - final de Boa Viagem, pra ser mais clara - era uma longa trajetória. Ainda mais pra quem andava no velho CDU/Caxangá/Boa Viagem. O "buzu" (lotado!) fazia questão de andar todo o centro do Recife.
Estava decidido, eu iria pra casa de táxi. Chamei Flavinha, minha amiga, eterna companheira de ônibus e vizinha de bairro.
- Yo, não tenho dinheiro - foi o que ela me disse
- mas, eu tenho. Você vem comigo.
E fomos em busca de um táxi, felizes da vida. Eu, porque chegaria em casa cedo. Ela, pela carona inesperada e gratuita. Em frente ao portão principal da universidade havia um ponto de táxi... E logo avistamos o "nosso"... aquele que nos levaria rapidamente para casa...
Atravessamos a rua e nos dirigimos para o veículo. Abri a porta, entrei, sentei...
- boa tarde, moço
- ...
- pra Boa Viagem, por favor...
Flavinha continuava do lado de fora, com uma cara estranha... Na dúvida ainda se entrava ou não... Um pé dentro do táxi, outro fora, me olhando meio atônita...
- Entra, Yo - eu disse
E ela entrou... E fechou a porta... O táxi continuava parado... Com certeza, o motorista não tinha escutado o destino....
- Oi moço, pra Boa Viagem...
E me virei pra Flavinha continuando algum assunto que conversávamos antes... Ela, ainda atônita... O motorista, ainda parado
- Ô moço, o senhor não ouviu não? pra Boa Viagem por favor
Até que o "moço" esboçou uma expressão qualquer - indefinida - e finalmente falou...
- Eu não sou táxi, não...
- ...
Olhei pra dentro do carro procurando o taxímetro... Onde estava? Só podia ter sido roubado... Não era possível... A ficha, então, caiu... Ai!
- É que...êr... hã... Eu pensei - gaguejei...
- Estou esperando meu filho - disse o motorista, apontado para uma escola
Em frente à universidade, não havia só um ponto de táxi, mas também um colégio... E aquele motorista era apenas um pai esperando pelo filho... Mas, por que raios ele tinha que estacionar exatamente no ponto de taxi?
Flavinha gargalhava... E eu acabei gargalhando também da situação... O motorista não ria... Acho que ainda estava nervoso com a invasão ao seu carro... Deve ter achado que era um assalto, coitado...
- Ô moço, desculpe - foi o que falei...
E ao sair do carro, ainda fiz uma última tentativa...
- Mas, por um acaso o senhor não está indo pra Boa Viagem, não né?
Não, ele não estava.
Mas, voltar pra casa de ônibus naquela chuva não ia ser uma tarefa fácil. Eu perderia todo o final da tarde. O trânsito deveria estar caótico - como sempre fica nesses dias, e não era um caminho curto. Da Universidade Católica, na Boa Vista, para o bairro de Boa Viagem - final de Boa Viagem, pra ser mais clara - era uma longa trajetória. Ainda mais pra quem andava no velho CDU/Caxangá/Boa Viagem. O "buzu" (lotado!) fazia questão de andar todo o centro do Recife.
Estava decidido, eu iria pra casa de táxi. Chamei Flavinha, minha amiga, eterna companheira de ônibus e vizinha de bairro.
- Yo, não tenho dinheiro - foi o que ela me disse
- mas, eu tenho. Você vem comigo.
E fomos em busca de um táxi, felizes da vida. Eu, porque chegaria em casa cedo. Ela, pela carona inesperada e gratuita. Em frente ao portão principal da universidade havia um ponto de táxi... E logo avistamos o "nosso"... aquele que nos levaria rapidamente para casa...
Atravessamos a rua e nos dirigimos para o veículo. Abri a porta, entrei, sentei...
- boa tarde, moço
- ...
- pra Boa Viagem, por favor...
Flavinha continuava do lado de fora, com uma cara estranha... Na dúvida ainda se entrava ou não... Um pé dentro do táxi, outro fora, me olhando meio atônita...
- Entra, Yo - eu disse
E ela entrou... E fechou a porta... O táxi continuava parado... Com certeza, o motorista não tinha escutado o destino....
- Oi moço, pra Boa Viagem...
E me virei pra Flavinha continuando algum assunto que conversávamos antes... Ela, ainda atônita... O motorista, ainda parado
- Ô moço, o senhor não ouviu não? pra Boa Viagem por favor
Até que o "moço" esboçou uma expressão qualquer - indefinida - e finalmente falou...
- Eu não sou táxi, não...
- ...
Olhei pra dentro do carro procurando o taxímetro... Onde estava? Só podia ter sido roubado... Não era possível... A ficha, então, caiu... Ai!
- É que...êr... hã... Eu pensei - gaguejei...
- Estou esperando meu filho - disse o motorista, apontado para uma escola
Em frente à universidade, não havia só um ponto de táxi, mas também um colégio... E aquele motorista era apenas um pai esperando pelo filho... Mas, por que raios ele tinha que estacionar exatamente no ponto de taxi?
Flavinha gargalhava... E eu acabei gargalhando também da situação... O motorista não ria... Acho que ainda estava nervoso com a invasão ao seu carro... Deve ter achado que era um assalto, coitado...
- Ô moço, desculpe - foi o que falei...
E ao sair do carro, ainda fiz uma última tentativa...
- Mas, por um acaso o senhor não está indo pra Boa Viagem, não né?
Não, ele não estava.
5 Já zoaram:
Gente!
Muito boa...estilo seriado.
By Pitty que Pariu, at 7:35 PM
mas, pura verdade
By Anonymous, at 5:15 PM
Atualiza! haha
By Pitty que Pariu, at 6:22 PM
logo, logo ;)
By Anonymous, at 7:57 AM
logo, logo ;)
By Anonymous, at 7:57 AM
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